quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Trek Condoriri - relato


Integrantes: Caio e Léo
Saída: 25 de julho de 2009
Volta: 02 de agosto de 2009

Depois de diversas caminhadas em montanhas pelo Brasil como as travessias da Serra Fina e Marins-Itaguaré na Serra da Mantiqueira e trilhas pelas serras do Cipó, Diamantina, Canastra e Serra dos Órgãos, senti a necessidade de algo diferente. Apesar de ter realizado algumas caminhadas no exterior, como a travessia da Ilha do Sol, no Lago Titicaca (Bolívia) e a Trilha Inca que liga Cuzco até a cidade sagrada de Machu Picchu no Peru, foi em uma viagem que fiz com minha mulher, nos Alpes Suiços, nas proximidades de Zermatt, que percebi realmente qual era o próximo passo, uma caminhada no gelo.
A concretização deste pensamento se deu em 2009 quando eu e o Léo estávamos fazendo um curso pela Petrobras e decidimos aproveitar os 10 dias de folga que teríamos para fazer uma viagem para algum pico nevado da América do Sul. A idéia inicial era o Nevado Sajama (6542 m), o pico mais alto da Bolívia, mas, por vários motivos, deixamos esta idéia de lado e decidimos ir para as montanhas Condoriri, nas imediações de La Paz.
Eu praticamente não tinha experiência alguma neste tipo de ambiente ao contrário do Léo, que já tinha realizado algumas caminhadas no gelo, entre elas uma aproximação ao Aconcágua (Argentina) e algumas viagens para o Condoriri, sendo que na última vez, alcançou um dos seus picos, o do Pequeno Alpamayo.
Sendo assim, começamos a planejar a viagem e organizar alguns itens como passaportes, tomar as vacinas contra febre amarela e tétano, reservar as passagens aéreas, hotel e uma das coisas mais importantes, a lista de equipamentos e a definição de um roteiro de atividades físicas.
Os equipamentos necessários para uma viagem desse tipo são um pouco diferentes daqueles usados em caminhadas no Brasil, principalmente por causa da temperatura mais baixa e atividades no gelo. Basicamente, as roupas e as luvas são classificadas em 3 camadas, sendo elas primeira, segunda e terceira pele. Dependendo do frio, camadas intermediárias também podem ser utilizadas. Além disso, por cima dessas camadas  é essencial a presença de uma outra composta de material resistente a água, também conhecido como Goretex ou similares. As botas devem ser duplas e rígidas, ou seja, totalmente impermeáveis e, para fixação e caminhadas sobre o gelo utiliza-se um acessório colocado embaixo das botas, conhecido como crampon.
Outros itens são: mochila cargueira e de ataque, barraca própria para alta montanha, saco de dormir com capacidade térmica para, no mínimo, 15C negativos, dois isolantes térmicos, além de bastões de caminhada e equipamento completo de escalada, incluindo corda, sapatilha, cadeirinha, mosquetões, fitas e piquetas para gelo. É essencial também um óculos apropriado, pois os efeitos da radiação solar, claridade e neve podem causar muitos problemas como irritação e até cegueira nestes ambientes. Outros equipamentos necessários e que foram utilizados durante a viagem estão listados no final desta postagem.
Resumidamente, a preparação física se deu por diversas caminhadas e escaladas no Rio de Janeiro, entre elas muitas subidas pelo costão do Morro da Urca, algumas escaladas nos finais de semana no Morro da Babilônia e Pão de Açúcar, além de treinamentos em escaladas indoor e trilhas de mountain bike. Cerca de duas semanas antes da viagem fizemos a travessia entre Teresópolis e Petrópolis na Serra dos Órgãos e caminhadas pelo Parque Nacional do Itatiaia. Além deste treinamento foi essencial a leitura de livros específicos de escalada em rocha e gelo, além de outros tópicos correlatos como aclimatação e altitude.
Depois de toda esta preparação, física e psicológica, da organização dos equipamentos adequados e os acertos finais, finalmente chegou o dia da viagem.
Os relatos foram feitos a partir de um diário de bordo que escrevi durante toda a viagem, com o objetivo de compartilhar um pouco de todas as experiências e sensações vivenciadas.
Dia 1: Viagem Brasil - Bolívia
Saímos do Brasil (Aeroporto Internacional de Cumbica – Guarulhos) às quatro horas da tarde com destino a La Paz (com uma escala rápida em Santa Cruz de La Sierra). Depois de uma viagem tranqüila chegamos em La Paz por volta das 20 horas.
Esta cidade é a sede do governo boliviano e o município mais populoso do país. Além de ser a capital de maior altitude da América do Sul, com cerca de 3660 metros, encontra-se rodeada por diversos nevados da Cordilheira Real, entre eles o Huayna Potosi (6094 m), o Illimani (6462 m) e o Nevado Condoriri, região que pretendíamos percorrer. O Condoriri é, na verdade, um conjunto de vários picos com altitudes que variam de 5100 até 5700 metros, sendo alguns de fácil acesso e outros muito difíceis. A porta de entrada para essas montanhas é o Vilarejo Tuni e o acampamento base fica às margens da Lagoa Chiar Khota aos 4630 m de altitude.
Assim que chegamos ao saguão do aeroporto já senti o ar rarefeito. Passamos pela imigração, pegamos todas as nossas mochilas e fomos de táxi direto para o Hostal Estrella Andina, onde ficaríamos durante toda a estadia na cidade. Saímos brevemente para jantar e aproveitamos para experimentar uma Huari, a cerveja típica da Bolívia. Na verdade, os bolivianos tem o costume de tomar cerveja na temperatura ambiente, fato este que não me agradou muito, apesar da temperatura estar ao redor dos 6 graus.
Sentindo um pouco a altitude acordei diversas vezes durante a noite com falta de ar e dores de cabeça, aproveitando estas horas para beber água. Na verdade a aclimatação é um processo lento de adaptação do seu organismo para as novas condições de altitude e uma das poucas coisas que podem ser feitas é beber bastante água.
Dia 2: Início da aclimatação em La Paz e Chacaltaya
Acordamos por volta das 8 horas e o tempo estava bastante nublado naquela manhã. Tomamos café com direito a muito chá de coca e depois saímos para comprar os equipamentos que faltavam.
Durante o trajeto, em uma grande avenida da cidade, estava ocorrendo um tipo de desfile e competição de crianças com carrinhos de rolimã. Era um evento importante, com uma multidão nas ruas, fanfarra e entrega de troféus. Passamos depois em uma grande feira, perto do Mercado dos Bruxos e decidimos comprar alguns tênis para distribuir para as crianças que encontraríamos durante a caminhada de aproximação ao acampamento base.
Fazendo parte do cronograma de aclimatação decidimos ir de carro até a região do Chacaltaya (5421 m), a cerca de 35 km de La Paz, onde se localiza a mais alta estação de esqui do mundo (hoje desativada) de propriedade do Clube Andino Boliviano.
O caminho passa pela subida até o El Alto, entrando no altiplano andino e depois por uma estrada estreita e bem íngreme, que aos poucos nos leva até a antiga estação. O tempo lá em cima estava muito frio e nublado e as previsões não eram boas para nós, pois uma instabilidade climática poderia complicar nossos planos de viagem.
Da sede do clube andino percorremos uma trilha até o ponto mais alto da região, a cerca de 5480 m, onde a vista é incrível e, apesar do tempo muito fechado, dava para observar La Paz e vários picos nevados. Durante o trajeto de descida observamos toda a antiga pista de esqui que, segundo informação local, era muito visitada até dez anos atrás e que agora tinha somente algumas manchas de gelo.
Estava chovendo muito quando chegamos em La Paz e tínhamos quase a certeza de que ficaríamos mais alguns dias aguardando a melhora das condições meteorológicas. Compramos uma oferenda para Pachamama (mãe terra na linguagem local), que queimamos para pedir proteção para subir a montanha e também para que o tempo não demorasse muito para melhorar.
Dia 3: Mais 1 dia em La Paz
Durante a madrugada choveu muito e tivemos a notícia de que havia nevado bastante no altiplano. A manhã estava muito fria, mas sem chuva. Fomos alugar os equipamentos necessários para a viagem, reservar o carro que nos levaria ao Vilarejo Tuni e também as mulas que seriam responsáveis por levar a maior parte de nossas bagagens até o acampamento base.
A partir do meio dia tivemos um motivo para celebrar. Parecia que a frente fria estava passando, pois o tempo rapidamente começou a abrir.  Organizamos todas as nossas mochilas, os equipamentos, as roupas e toda a alimentação. A regra básica era levar estritamente o necessário, deixando de lado tudo que fosse supérfluo. Sendo assim, cada um de nós organizou uma mochila grande, com barraca, saco de dormir, isolante, roupas, mantimentos e equipamentos diversos e uma mochila menor de ataque com coisas mais pessoais como câmera fotográfica, óculos, GPS, documentos, dinheiro, entre outros. Levamos também uma mochila grande somente com os equipamentos mais pesados, entre eles, corda, cadeirinhas, mosquetões, piquetas para gelo e crampons. O restante das bagagens ficaria em um depósito no hotel.
Jantamos e ligamos pra nossa família para nos despedirmos. Olhamos as condições do tempo na internet, que não pareciam muito otimistas. Porém, o céu estava bastante estrelado e o clima praticamente estável. Neste dia fomos dormir bastante ansiosos. Acordei de madrugada com muita dor no ouvido direito, o mesmo que tinha doido alguns dias atrás e fiquei achando que poderia ser o dente do siso. Antes de viajar para uma região de elevada altitude é altamente recomendável um check-up geral com seu dentista para evitar futuros problemas.
Dia 4: Chegada ao acampamento base
Esta foi a madrugada mais fria que passamos na cidade. Quando acordamos, lá pelas sete horas, o tempo estava totalmente aberto com céu azul e sem nuvens. Saímos de carro, com o motorista contratado na agência, por volta das 9 horas em direção ao altiplano, só parando para comprar gasolina para o fogareiro e um saquinho extra de folhas de coca.
Viajamos por um bom trecho pela auto-estrada do altiplano, seguindo depois por uma estrada de terra em direção ao Vilarejo de Patamanta, com as montanhas nevadas se aproximando a cada curva da estrada.
Chegamos ao Vilarejo Tuni às dez da manhã. O vilarejo fica em uma altitude de 4448 metros e é composto por uma comunidade bastante simples com suas casas feitas de tijolos de barro e teto de palha. Alguns moradores trabalham associados às operadoras de turismo e transportam, com suas mulas e lhamas, cargas até o acampamento base. A família que nos atendeu era, ao mesmo tempo, bastante tímida e sorridente, onde praticamente só o homem falava. A mulher (as mulheres bolivianas são conhecidas pelo nome de cholla) era bastante prestativa e foi responsável por todo o trabalho de organização das bagagens nas mulas. Em agradecimento, deixamos com eles alguns pares de tênis que tínhamos comprado na véspera.
Iniciamos nossa aproximação até o acampamento base levando apenas nossas mochilas de ataque. Logo de cara contornamos a grande Lagoa de Tuni que, na verdade, é um represamento das águas provenientes do degelo das montanhas. Depois de um lanche bem rápido continuamos a caminhada e passamos pela Lagoa Condoriri, bem menor que a anterior.
A paisagem ficava cada vez mais bonita com o branco da neve e nossa aclimatação aparentemente estava boa, pois caminhávamos em um ritmo forte. O auge da caminhada foi mesmo a chegada na Lagoa Chiar Khota aos 4630 metros, nosso acampamento base.
O local é de uma imensidão tremenda, imponente e inóspito. De cara já avistamos diversos picos conhecidos como o Cabeça do Condor (5648 m), Áustria (5300 m) e o Pequeno Alpamayo (5370 m). Tinha muita neve em toda área de acampamento, conseqüência da nevasca dos dias anteriores, mas dava para observar as diversas trilhas que partiam em direção aos picos.
Despedimos do nosso porteador (como são chamados os carregadores de equipamentos) e começamos a procurar um bom lugar para montar as barracas, ou seja, um lugar ao mesmo tempo protegido dos ventos e perto da água e banheiro. A estrutura que encontramos era bastante boa, tinha dois banheiros em lados opostos do terreno, construídos apenas pelo empilhamento de rochas, fechado em cima por um teto de palha. No seu interior tinha apenas uma privada, um grande tambor de água e um balde. A água provinha de uma canalização de uma represa acima do acampamento base e jorrava direto por um cano, na forma de uma cascata. Tínhamos como vizinhos montanhistas de várias nacionalidades.
Iniciamos a montagem das barracas em conjunto, pois as mesmas nunca tinham sido usadas e estávamos ainda aprendendo a montá-las. De repente, quando estava esticando a lona da barraca comecei a me sentir enjoado. Na verdade era uma somatória de enjôo, tontura e algum tipo de fobia. Organizei minhas coisas dentro da barraca e não sabia se ficava deitado ou se saia da barraca para tentar vomitar. Não agüentei muito tempo e fui para fora tomar um ar. Estava realmente ficando louco lá dentro. O Léo também tinha saído da sua e estava montando o fogareiro para fazer algo para comer. Eu tentei contar para ele o que estava acontecendo, mas era difícil até de explicar. Na verdade eu estava sentindo os efeitos do ar rarefeito. Tomei um comprimido chamado de soroche pills (um remédio para ajudar na aclimatação) com chá de coca e fui buscar um pouco de água, caminhando para trabalhar o meu psicológico. Tomei muito a contra gosto um pouco da sopa. Logo, a temperatura começou a cair por causa do vento e decidimos entrar nas barracas. Entrei no meu saco de dormir e fiquei viajando com meus pesadelos, tentando dormir.
Nesse meio tempo o Léo acabou conhecendo José e Vivi, um casal de montanhistas chilenos que estavam bem próximos da gente. Eles haviam chegado há alguns dias e já tinham subido diversos picos. Convidaram a gente para acompanhá-los, pois pretendiam sair para o Pequeno Alpamayo na próxima madrugada. Mas, como estávamos em processo de aclimatação, decidimos fazer apenas caminhadas mais leves no próximo dia.
Eu acordava a toda hora com muita falta de ar, levantava pra tentar respirar melhor e tomar água. Tomei mais alguns soroche pills e dormi. Acordei por volta da meia noite e estava um frio horrível, com a barraca toda impregnada de gelo por dentro. Eu estava bem melhor e, partir daí, consegui dormir bem o resto da madrugada. Acordei novamente às cinco horas e saí da barraca. O Léo percebeu que eu tinha saído e saiu também. O céu estava totalmente estrelado, tudo muitíssimo quieto, sem vento, somente os guardiões nevados ao nosso redor. Conversamos por alguns minutos e voltamos para as tocas. Escrevi um pouco e voltei a dormir. O termômetro marcava zero grau, mas, decididamente, fazia muito mais frio.
Dia 5: Caminhada de aproximação ao Pico Áustria
Acordamos cedo e decidimos fazer uma caminhada de aproximação em direção ao Pico Áustria (5300 m). Organizamos nossas mochilas com água, lanches rápidos, roupas de frio e iniciamos a subida contornando a Lagoa Chiar Khota por uma trilha bem marcada. Saímos do entorno da lagoa e iniciamos a subida agora em gelo e rocha, mas não tivemos que usar os crampons.
Esta trilha é a mesma que vai para o Pico Cabeça do Condor (5648 m) e a cada instante da subida a paisagem ficava mais impressionante. Em uma bifurcação, após duas horas de trilha, pegamos a esquerda, em direção ao Pico Áustria e Catedral. Tínhamos agora uma vista espetacular da Lagoa Chiar Khota e de toda a área de nosso acampamento. Cerca de uma hora depois estávamos no início de uma trilha de acesso para a base da subida do Pico Áustria. Caminhamos por cerca de uma hora nos cascalhos de uma das vertentes do pico e, como estava ficando cada vez mais difícil, decidimos descer e voltar ao acampamento base, encerrando nossa caminhada neste dia.
Chegamos de tardezinha ao acampamento base e decidimos fazer nosso rango antes que o vento das cinco chegasse. Isso é uma coisa interessante, todos os dias que ficamos na montanha, por volta das cinco horas da tarde, de repente começava a ventar muito e, por conseqüência, esfriava demais. Esse vento cessava aproximadamente depois de uma hora, quando começava a anoitecer.
Após o jantar, conversamos com o José e a Vivi sobre a subida deles no Pequeno Alpamayo. Eles disseram que tudo tinha ocorrido bem, o tempo tinha ficado estável e a trilha não estava bem visível, mas que agora poderíamos seguir facilmente a rota já marcada por eles. Apesar de estar me sentindo bastante fraco por não ter conseguido que alimentar direito decidimos partir de madrugada para o Pequeno Alpamayo.
Dia 6: Ataque ao Pequeno Alpamayo
Acordamos às três da madrugada, com a temperatura mais quente do que os últimos dias e o termômetro marcando cinco graus dentro da barraca. Fizemos um café reforçado, terminamos de arrumar as mochilas e saímos por volta das quatro horas.
O céu estava estreladíssimo. Eu nunca tinha imaginado que existissem tantas e parecia que estávamos sendo observados bem de perto por elas. A trilha de aproximadamente uma hora e meia desde o acampamento base era em terreno bastante plano, levemente ascendente e terminava na base do glaciar.
A partir deste ponto fomos obrigados a utilizar os crampons e os bastões de caminhada para a subida. Fazia muito frio e ventava muito neste momento. O trecho inicial era mais íngreme, depois entramos em um platô que logo se tornou íngreme novamente. Após umas duas horas notamos as primeiras gretas, pequenas e aparentemente inofensivas. Gretas são rachaduras causadas pela diferença de velocidade na movimentação em pontos diferentes da geleira. Podem apresentar comprimentos e profundidades diversas e são especialmente perigosas se estão escondidas pela neve recém precipitada.
Amanheceu rapidamente e pudemos ver toda a trajetória percorrida desde o acampamento base até o meio do glaciar, onde nos encontrávamos. As montanhas ao redor eram um espetáculo a parte e o céu mostrava um tom bem alaranjado neste amanhecer.
Seguindo a trilha já bem marcada pelos chilenos, observamos que a trajetória agora desviava um pouco para a esquerda e fomos de encontro a um grupo de gretas muito profundas, aparentemente entre 10 a 15 metros de profundidade e alguns metros de largura. Por entre este complexo de gretas só existia um pequeno trecho que poderíamos passar, porém, teríamos que dar um salto. A partir deste ponto subimos sempre ligados pela corda um ao outro, por medida de segurança. Passamos sem problemas e alguns metros adiante a trilha seguia para a direita, em um terreno plano, que atravessava completamente a largura do glaciar.
Paramos para um descanso, tomamos chá de coca e avaliamos nossas condições. Era quase nove e meia da manhã quando voltamos a caminhar. Saindo do trecho plano entramos agora em uma subida muito árdua e cansativa, em uma neve muito fofa, onde afundávamos até os joelhos em certos pontos, em direção ao topo do Tarija. Mas, como constatei mais tarde, estávamos era subindo o Pico Illusion (5250 m), cujo topo era, na verdade, um platô de acesso ao Pico do Tarija. Toda essa subida foi realizada em zig-zag, em uma inclinação média de 45 graus. Durante todo o percurso, a falta de aclimatação me cansava aos poucos. Todo momento eu travava uma batalha interior muito forte, em busca de um melhor controle psicológico. Todo este trecho me desgastou muito e as minhas energias não se recuperavam facilmente, aliás, parecia que o cansaço estava se acumulando com o passar do tempo.
As 11 da manhã chegamos em um platô nevado que é o Pico do Tarija (5300 m). O tempo estava começando a ficar instável, com nuvens chegando de todos os lados. Do alto do Tarija a visão é muito ampla, mostrando a imensidão de onde estávamos e os picos nevados ao redor. Era bastante visível a impressionante trilha de acesso ao Pequeno Alpamayo. Na verdade, teríamos que descer o lado rochoso do Tarija e depois iniciar a trilha de aproximação ao Pequeno Alpamayo.
Deitei e tentei descansar um pouco. Estava fraco e bastante desanimado. Bebemos chá de coca e carboidratos líquidos para tentar repor as energias. Decidimos que deixaríamos todo o peso extra no topo do Tarija e levaríamos somente o essencial. A descida deste trecho em rocha é bastante tranqüila, e o que mais me desgastou foi a energia utilizada para recolocar os crampons.
A partir deste ponto a trilha é bem marcada e não tem por onde errar, ou seja, não existe outro caminho viável. O acesso ao cume do Pequeno Alpamayo (5379 m) é ao mesmo tempo lindo e perigoso, com escarpas muito íngremes pela direita e pela esquerda e somente um trecho de cerca de um metro de largura para caminhar com certa segurança. Na etapa inicial o percurso apresenta diversos níveis, com subidas em diferentes graus de inclinação e também trechos de descida curta.
De repente o tempo fechou e a visibilidade ficou baixíssima. Paramos para avaliar a situação antes do trecho mais íngreme (entre 50 e 60 graus) e técnico da ascensão, onde teríamos que utilizar as estacas para gelo e realizar uma segurança durante a subida. Dava pra visualizar que depois deste trecho ainda tínhamos um colo mais curto e outro trecho mais íngreme até o cume, ou seja, tínhamos ainda mais de 100 metros para percorrer.
Depois de alguns minutos de avaliação, eu optei por voltar por duas razões, meu estado físico-psicológico não estava nada bom e também pelas condições climáticas instáveis, que prejudicavam bastante nossa visibilidade. O Léo estava melhor aclimatado e, mesmo a contra gosto, mas também cansado e ciente da dificuldade do trecho a ser conquistado, aceitou minha decisão.
Voltamos toda trilha de acesso, subimos a parte rochosa do Tarija, organizamos novamente nossas mochilas e descemos o Illusion em direção ao glaciar. Tivemos um susto durante a passagem pelas gretas, pois agora tínhamos a gravidade contra a gente. Assim que pulei o trecho de um metro da greta, dei uma desequilibrada e escorreguei. Felizmente o Léo estava bem firmado ao gelo pela piqueta, retesando a nossa corda.
Durante toda a metade inferior da descida do glaciar pegamos um vento muito forte que castigou bastante nossos rostos. Chegamos exaustos na base do glaciar. Nos desencordamos e tiramos os crampons. Estava sol e deitamos no chão por quase meia hora, imóveis. O Léo comentou também que estava mal e me agradeceu pela decisão de voltar.
Caminhamos por cerca de uma hora e meia, feito zumbis, sem conversar, até o acampamento base. Chegamos lá pelas 3 da tarde e cada um entrou na sua barraca, sem uma palavra. Tomei um analgésico e tentei descansar, avaliando todos os acontecimentos recentes. Naquele momento, lembrei de uma coisa que tinha lido em algum livro ou na internet, que não era uma boa idéia comprar uma barraca de cor amarela, pois além de refletir muito a luz do sol, a tendência é você pirar quando fica muito tempo dentro dela. Acho que era a mais pura verdade.
Às cinco horas saímos das barracas e fomos até a única casa que ficava as margens da Lagoa Chiar Khota. Tínhamos reservado com a moradora um jantar, com truta pescada no lago, batata fritas, arroz e refrigerante. Era inacreditável, mas eu ainda estava sentindo enjôos e mesmo tendo me desgastado muito, não consegui me alimentar direito, comendo praticamente à força. Depois do jantar fomos dormir. A noite esfriou muito, com meu termômetro marcando zero grau de novo. Com certeza ele estava com problemas, pois não baixava de zero grau, apesar de eu estar dormindo dentro da barraca, com praticamente todas as roupas e dentro de um saco de dormir com capacidade para 18 graus negativos.
Dia 7: Pico Áustria e resgate dos chilenos
Acordamos às 8 da manhã, com muito calor e claridade, sendo impossível ficar muito tempo dentro da barraca. Tomamos leite com quinoa, além de pão na chapa com manteiga, entre outras coisas e saímos para fazer nossa última caminhada nas montanhas.
Decidimos subir até uma passagem, na divisa entre os picos Áustria e Catedral. Saímos por volta das 10 da manhã somente com o básico. Chegamos depois de uma hora e meia de caminhada até o início da trilha, mais rápido do que a última vez que fizemos o trajeto, quando levamos 3 horas. Subimos até a passagem em 45 minutos e demos uma parada para descanso.
Ficamos maravilhados com a paisagem, de um lado aquilo que já conhecíamos como a Lagoa Chiar Khota e os picos nevados. Do outro, nas nossas costas, se descortinava um imenso glaciar. Eu estava muito bem, forte físico-psicologicamente e muito disposto. Ficamos decidindo se subiríamos o Pico Catedral (mais perto, mas com uma trilha que incluía gelo e rocha) ou se iríamos para o Pico Áustria (que era mais longe, mas tinha o acesso totalmente em rocha, em uma trilha bem marcada). Decidimos pela segunda opção, pois não tínhamos trazido os crampons.
No início a trilha era uma subida bem tranquila, mas logo se tornou íngreme e bastante cansativa. Depois de 45 minutos atingimos o cume do Pico Áustria (5300 m). O visual lá de cima é impressionante, tínhamos caminhado em rocha o tempo todo mas, lá em cima, dava pra ver que toda a rampa oposta era muito íngreme e estava toda coberta por gelo. Tínhamos uma visão geral de toda a paisagem, das lagunas de Chiar Khota, Condoriri e Tuni, do vilarejo de acesso ao acampamento base, além da cidade de La Paz. Mais ao fundo avistávamos o Lago Titicaca e sua ilhas e por entre as últimas nuvens do horizonte o Nevado Sajama, com seus 6542 metros. Além disso, é claro que avistávamos também todo o maciço Condoriri, com seus picos nevados, glaciares e também a Cabeça do Condor e toda a sua trilha de acesso. Simplesmente demais.
Ficamos cerca de uma hora no topo e descemos pelo mesmo trajeto. Olhando de perto as rochas do Áustria, notamos a presença de fósseis de fragmentos de conchas. Ou seja, estas rochas estavam ao nível do mar e com o passar de milhões de anos foram alçadas a mais de cinco mil metros de altitude. E, como somos geólogos, ficamos maravilhados com Pachamama. Descemos do Áustria até o acampamento base em cerca de duas horas, chegando às 5 da tarde.
Fizemos um macarrão com molho vermelho e muito queijo ralado. Esta foi a minha primeira refeição, em quatro dias de montanha, sem ter que passar enjôo. Eu estava completamente aclimatado ao lugar, pena que era nossa última noite na montanha.
Após o jantar, fomos até a barraca dos nossos amigos chilenos e como eles ainda não tinham chegado começamos a ficar preocupados, pois tinham saído bem cedo para subir o Pico das Agulhas Negras. Eram aproximadamente 7 horas da noite. Perguntamos para um grupo de ingleses, mas eles não tinham visto nada. Utilizamos um monóculo para tentar ver mais de perto a montanha que eles tinham subido. Foi anoitecendo e a Lua apareceu. O tempo estava tranqüilo, sem vento e pouco frio. De repente observamos uma luz de lanterna praticamente no meio do pico. Parecia que vinha de uma rampa de acesso no meio da montanha. Logo depois mais uma luz. Eram eles. Olhamos um pro outro e dissemos: Fudeu !!!
Acompanhamos as luzes e percebemos que estavam se movimentando lentamente e, as vezes, pareciam que estavam parados. Começamos a mandar sinal de luz para eles com as nossas lanternas e eles responderam aos sinais. Então tivemos certeza de que estavam com problemas. Um deles estaria acidentado? Mas como ajudar? Não conhecíamos sequer a rota de acesso a base do pico. Tentamos procurar algo no livro do Mesili, que tinha muitas descrições sobre as trilhas da região, mas não encontramos nada que pudesse nos ajudar. Só para registrar, Alain Mesili é um montanhista francês, naturalizado boliviano e é considerado um dos mais respeitados guias de montanha na Bolívia, autor de diversos livros sobre o assunto.
Decidimos procurar por alguém que conhecia o acesso ao pico mas, aparentemente, a maior parte das pessoas com quem conversávamos não estava muita preocupada com a situação deles. Encontramos um guia que nos disse que tinha um pessoal em um acampamento acima do nosso, em direção ao glaciar, que poderia nos ajudar. Montamos nossa mochila de resgate com garrafa térmica com chá de coca, blusas e chocolate e saímos em busca de ajuda. Encontramos estes guias e eles decidiram ir com a gente até a base do pico.
Como eles ainda teriam que se preparar para a subida, eu e o Léo saímos na frente, seguindo algumas orientações deles. O trecho era só de subida, às vezes íngreme e muito cansativo. Saímos da trilha principal muitas vezes e entramos em alguns trechos bem difíceis, mas sempre seguindo a silueta do pico.
Cerca de uma hora depois, os dois guias passaram pela gente com uma passada muito rápida. Estavam sem mochila, eram bolivianos e sabiam o caminho. Seguimos o rastro deles. Mais uma hora de subida e encontramos os guias parados perto da base do pico, aguardando a descida dos chilenos. Percebemos que as luzes agora estavam bem próximas e vinham cada vez mais rápidas. Não era preciso subir atrás deles.
Chegaram cansados, estavam com muito frio mas estavam bem. Enquanto tomavam o chá de coca e comiam chocolate nos contaram o ocorrido. Tinham seguido por uma rota diferente, muito fechada e com muitos obstáculos. Não programaram direito o tempo de subida e depois de atingir o topo, começaram a voltar no escuro. Por isso estavam descendo bem devagar. Na verdade eles estavam descendo bem tranqüilos, sem pressa e os sinais que passaram para nós era só porque a gente estava sinalizando para eles. Chegamos todos ao acampamento base por volta das 11 da noite. Dormimos.
Dia 8: Volta para La Paz
Acordamos por volta das sete e meia e iniciamos os preparativos para deixar a montanha. Por volta das nove horas a cholla chegou com as duas mulas para levar nossos equipamentos para o Vilarejo Tuni. Enquanto organizávamos nossas coisas recebemos a visita de dois montanhistas: Paulo e Helena Coelho.
Este casal tem no seu currículo muitos anos dedicados ao montanhismo e são reconhecidos nacional e internacionalmente por terem participado da primeira expedição brasileira ao Everest em 1991, entre outros feitos. Eles ouviram dos guias bolivianos o relato da noite anterior e quiseram conversar com agente a respeito. Primeiramente nos parabenizaram pela iniciativa de salvamento e nos disseram que este era o espírito que deveria prevalecer na montanha e entre os montanhistas. Ficamos conversando por um bom tempo e até esquecemos que tínhamos marcado um horário para chegar ao vilarejo. Paulo e Helena iriam pegar o mesmo vôo que o nosso para o Brasil e assim nos despedimos deixando a conversa para mais tarde.
Trocamos emails, tiramos as últimas fotos e nos despedimos de nossos amigos chilenos e iniciamos a nossa descida. No caminho encontramos diversas crianças que sempre corriam atrás da gente e gritavam por doce. Chegamos ao vilarejo por volta do meio dia, atrasados por sinal e com o motorista já esperando com nossos equipamentos amarrados em cima de seu carro. Despedimos dos moradores e seguimos viagem até La Paz.
Seguimos pelo altiplano, no caos característico de La Paz, chegando ao hotel no meio da tarde. Após um banho merecido fomos devolver os equipamentos alugados e comprar lembranças para a família no Brasil. Ligamos para casa e contamos que tínhamos subido diversos picos de mais de cinco mil metros, entre eles o Pico Illusion (5250 m), Pico Tarija (5300 m), Pico Áustria (5300 m), além da subida e aclimatação inicial ao Pico do Chacaltaya (5480 m). Relatamos que tínhamos atravessado um glaciar, participado de um resgate na montanha, e também toda a dificuldade e a decisão de abortar a subida ao cume do Pequeno Alpamayo (5379 m). Fomos jantar e depois arrumamos as mochilas para voltar para casa.
Dia 9: Furto no aeroporto e volta para o Brasil
Acordamos às cinco horas da manhã, pagamos as contas e fomos para o aeroporto. Nosso vôo estava marcado para as oito horas mas, sem avisar nada, a companhia aérea adiantou o vôo uma hora, causando uma enorme confusão com todos os passageiros.
Deixamos todas as nossas oito mochilas na calçada do aeroporto e, enquanto o Léo ficou tomando conta delas, eu entrei no saguão para encontrar um carrinho de bagagem. Como não tinha achado nenhum, o Léo decidiu fazer outra tentativa. Ele voltou com um carrinho e começamos a amontoar as mochilas uma a uma.
O Léo percebeu que estava faltando uma pequena mochila dele. Foi uma paranóia, não sabíamos onde ela estava. Só poderia estar no hotel ou então no táxi que tínhamos pegado. Ligamos para o hotel e nada. O hotel ligou para o táxi, que voltou ao aeroporto. Também não estava no carro. Tínhamos sido furtados. E o pior é que na mochila dele estava sua câmera fotográfica, GPS, óculos de montanha, livros, sua carteira e todos os seus documentos. Fudeu novamente !!!
Provavelmente o ladrão estava na espreita, desde a nossa chegada, só esperando um vacilo nosso. E foi o que aconteceu. Conversamos com a polícia, mas não tínhamos tempo para nada, nem de fazer um boletim de ocorrência e nem de procurar o ladrão. A sorte foi que o Léo estava com o passaporte no bolso. Tivemos ainda que pagar por excesso de bagagem e quase perdemos o vôo.
É isso aí, voltamos pra casa, com escala em Santa Cruz de La Sierra e depois Guarulhos. Por toda a viagem tivemos bons momentos de conversa com Paulo e Helena, cujos tópicos eram, claro, montanhismo em geral. Ouvimos boas dicas de pessoas bem mais experientes.
Chegamos em Guarulhos às 4 da tarde e fomos recebidos pela minha esposa Paulinha e minhas irmãs Tais, Dani e Cris. Às 18 horas pegamos outro vôo, agora para o Rio de Janeiro, onde chegamos por volta das 20 horas. É isso aí, valeu Léo por todo o companheirismo, amizade e aprendizado durante estes dias nas montanhas do Condoriri. Agradecimento especial pra Paulinha pela leitura, correção e melhor organização das idéias no texto. 
Equipamentos gerais
Equipamentos de escalada (corda de 50 metros, cadeirinha, sapatilha, mosquetões, fitas e cordonetes extras), 2 estacas para fixação em gelo, tornillos para gelo (parafusos), 1 fogareiro pressurizado MSR, 1 jogo de panelas e utensilhos, combustível, isqueiros, pilhas, GPS, mantimentos para alimentação (pão, macarrão, leite em pó, café em pó, folhas de coca, chá de coca, sopa em pó, chocolate em pó, sucos em pó, chocolates em barra, molho de tomate, queijo ralado, manteiga, bolacha, granola, quinoa, frutas secas, bucha e pano para limpeza, sacos plásticos e álcool gel), primeiros socorros básicos (protetor labial, protetor solar fator 50, hidrosteril, soroche pills, dorflex, novalgina, esparadrapo, paracetamol, anti-inflamatório, baby wypes, papel higiêncio, band-aid, hipoglós, silvertape, produtos de higiene pessoal, cortador de unha), entre outros.
Equipamento individual
1 mochila cargueira 65 litros Mammut, 1 mochila ataque 35 litros Doite, 2 capas de mochila impermeável, 1 barraca 4 estações para alta montanha Voyager Manaslu, 1 saco de dormir Never Summer Long (-9/-18/-37 graus, pena de ganso) Marmot, 2 isolantes térmicos rígidos, 2 camisetas manga longa tipo dry (primeira pele) Solo, 2 blusas fleece (segunda pele) Quechua, 1 blusa fleece (terceira pele) North Face, 1 anorake impermeável (Goretex) North Face, 1 par luvas (primeira pele), 1 par de luvas (segunda pele), 1 par de luvas impermeável Rossignol R9 GTX (Goretex), 1 meia calça de lã (primeira pele), 2 calças X-power Solo, 2 calças bermuda Curtlo, 1 calça impermeável (Goretex), 1 jardineira Salopette Manaslu, 5 pares de meias de algodão, 4 pares de meias de lã, 10 cuecas, 1 cachecol fleece, 1 bota de aproximação North Face (Goretex), 1 par de botas rígidas para gelo, 1 par de crampon, 1 par de polainas impermeáveis, 1 sandália fechada, 1 piolet para gelo, 1 par de bastão de caminhada, 1 óculos de sol alta montanha Julbo Explorer, 1 óculos de sol (reserva), 1 câmera fotográfica, 2 baterias sobressalentes, 2 headlamps, 2 cantil alumínio para água, 1 canivete, 1 garrafa térmica, 1 caneca térmica, entre outros.
Equipamentos alugados
1 piolet grande – 15 bolivianos/dia = 60 Bs
1 piolet pequeno – 15 bolivianos/dia = 60 Bs
2 estacas de alumínio para gelo – 8 bolivianos/dia = 64 Bs
2 tornillos para gelo – 8 bolivianos/dia = 64 Bs
1 crampon – 16 bolivianos/dia = 64 Bs
1 bota rígida – 24 bolivianos/dia = 96 Bs
Gastos gerais
Passagem aérea Brasil-Bolivia (viação Aerosur, ida e volta): R$1430,00;
Taxi Aeroporto – Hostal: 230 Bolivianos (Bs);
Viagem La Paz – Vilarejo Tuni (ida e volta): 420 Bs;

2 comentários:

  1. Caramba Caio, que grande estréia no gelo meu irmão! Fiquei imaginando essas gretas no gelo, o pulo do gato, o frio nos ossos, a paisagem de tirar o fôlego e vocês mais próximos das estrelas.
    Lindo o detalhe dos tênis para a garotada e incrível os efeitos do aquecimento global fazendo a pista de esqui desaparecer de 10 anos para cá. Ótima a interação e o respeito a cultura tradicional como reconhecer os efeitos ancestrais e naturais da planta de coca (lembrei daquele pôster na nossa república: "La hoja de Coca no es droga; Coca no es Cocaína") e a oferenda a Pachamama.
    Acho que as primeiras grandes lições de todo montanhista é a humildade, o respeito à montanha e escutar nosso corpo; fiquei feliz de ver que souberam dar meia volta quando foi preciso e que essa lição tinha sido aprendida.
    Não poderia deixar de elogiar a atitude de vocês para auxiliar os amigos que pareciam estar em perigo. Um verdadeiro ato de heroísmo e respeito pela vida, mas como os conheço faz tempo sei que não seriam capazes de dar as costas a essa situação. É lindo ver essa entrega de verdadeiros Hermanos que se arriscaram sem esperar nada em troca.
    Obrigado por compartilhar essa aventura com detalhes técnicos e lições para outros se aventurarem nas montanhas andinas.
    Agradecimento especial para sua editora e seguramente fonte de inspiração, a Paulinha.
    Um forte abraço e continue sempre escrevendo,
    Horizon

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  2. Valeu Horizon pelos comentários e pela profunda análise que voce conseguiu fazer de toda a história. Com certeza todos esses desafios e dificuldades encontradas em um ambiente diferente do nosso cotidiano, e toda a superação que tivemos que passar, nossos próprios medos e incertezas, uma aclimatação mal sucedida, tudo isso foi de grande valia e com certeza rendeu muitos aprendizados e lições que estou levando sempre comigo. Agradeço pelos comentários e pelo seu sempre interesse pelas histórias de ALGUMAS HISTÓRIAS. Gde abço Hermano

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